Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/20053
Tipo de Documento: Tese
Título: A noção de sujeito em linguística textual: práticas (con)textuais e identitárias das dissidências sexuais e de gênero
Autor(es): Matos, Samuel de Souza
Data do documento: 28-Fev-2024
Orientador: Lima, Geralda de Oliveira Santos
Resumo: Na sociedade contemporânea, práticas textuais digitais expandem disputas sociopolíticas e ideológicas (Van Dijk, 2015, 2018) dos ativismos de dissidências sexuais e de gênero (Colling, 2016; Borba, 2020a). Enquanto arenas discursivas de autorrepresentação online (Barton; Lee, 2015), os ambientes digitais propagam múltiplas estratégias de estabilização e/ou instabilização identitárias desses sujeitos sociais minoritarizados. Nesse sentido, o estudo do “sujeito”, aliado às questões de “contexto” e de “identidade”, em Linguística Textual (LT), reclama análises textuais que extrapolem a dimensão cotextual e local das atividades enunciativas (Benveniste, 1989, 1995). Por esse prisma, esta tese de doutoramento procura responder a duas questões de pesquisa: i) que diálogo pode ser estabelecido entre o sociocognitivismo, o paradigma pósidentitário e a noção de “sujeito” da LT contemporânea, com vistas ao estudo de (con)textos de dissidências sexuais e de gênero?; ii) que práticas identitárias de gênero e de sexualidade são (re)elaboradas por esses sujeitos minoritarizados perante à cis-heteronormatividade? Por meio de uma abordagem qualitativa (Prodanov; Freitas, 2013), de viés descritivo-interpretativista (Cavalcante et al., 2016), o objetivo da tese é compreender, à luz do diálogo entre as abordagens textual, sociocognitiva e queer, práticas identitárias de sujeitos de gênero e de sexualidade dissidentes, em uma comunidade epistêmica digital, com vistas ao reposicionamento dos marcos epistemológico-metodológicos da LT. Para tanto, mobilizam-se noções de sujeito (Cavalcante et al., 2019; Mondada; Dubois, 2003; Butler, 2015), de modelos de contexto (Van Dijk, 2020) e de prática identitária (Butler, 2002; Van Dijk, 2013), em uma visada processual, antiessencialista e integracionista. Por sua vez, o universo da pesquisa abrange uma amostra de 64 entrevistas autobiográficas, disponíveis no canal Pheeno TV, da plataforma YouTube, entre junho de 2022 e maio de 2023. Assim, a elaboração de um mapa epistemológico-metodológico direciona as análises do corpus (seis entrevistas) com base em dois procedimentos: i) descrição de estratégias linguístico-discursivas; ii) interpretação de processos sociocognitivos, interacionais, culturais, políticos e históricos. Em uma inflexão crítica e ético-política (Rajagopalan, 2003; Ferreira; Rajagopalan, 2016) dos construtos teórico-analíticos e dos fenômenos investigados, os resultados apontam, em primeiro lugar, para um diálogo multidisciplinar entre as perspectivas sociodiscursivas via processos de assimilação e de mestiçagem. Em segundo lugar, as práticas (con)textuais e identitárias, construídas pelos sujeitos dissidentes, sinalizam atos corpóreo-discursivos estilizados por meio de atividades de indexicalidade e de recontextualização de experiências de subjetivação. Nessa dinâmica, a configuração textual é influenciada, parcialmente, por conflitos e alinhamentos ideológicos entre comunidades epistêmicas distintas. Então, de um lado, há o reforço de processos de normalização macrossociais, e, do outro, a fricção com estratégias de desestabilização da matriz de inteligibilidade sexo/corpo/gênero/desejo/prática, mediante inter-relações entre corpo, gênero, sexualidade, raça, idade, profissão, violência bi/homofóbica e etarismo, ligados a domínios discursivos familiares, religiosos, educacionais e midiáticos. Predominam, assim, significados sociais de estabilidade e inteligibilidade identitárias, assim como de reiteração de práticas discriminatórias, em atividades discursivas situadas. Portanto, é possível contribuir, a partir dessa proposta político-epistemológica, para: i) a ampliação do método teórico-analítico de (con)textos e identidades produzidos por dissidências sexuais e de gênero; ii) a expansão da percepção de (re)construções identitárias desse grupo social, em práticas de ciberativismo, enquanto uma possibilidade de reengajamento de suas ações políticas.
Abstract: In contemporary society, digital textual practices expand sociopolitical and ideological disputes (Van Dijk, 2015, 2018) of sexual and gender dissent activism (Colling, 2016; Borba, 2020a). As discursive arenas of online self-representation (Barton; Lee, 2015), digital environments propagate multiple strategies for stabilizing and/or destabilizing the identities of these minority social subjects. In this sense, the study of the “subject”, combined with questions of “context” and “identity”, in Textual Linguistics (TL), calls for textual analyzes that go beyond the cotextual and local dimension of enunciative activities (Benveniste, 1989, 1995). From this perspective, this doctoral thesis seeks to answer two research questions: i) what dialogue can be established between sociocognitivism, the post-identity paradigm and the notion of “subject” in contemporary TL, with a view to studying (con)texts of sexual and gender dissent?; ii) what gender and sexuality identity practices are (re)elaborated by these minority subjects in the face of cis-heteronormativity? Through a qualitative approach (Prodanov; Freitas, 2013), with a descriptive-interpretivist bias (Cavalcante et al., 2016), the objective of the thesis is to understand, in the light of the dialogue between textual, socio-cognitive and queer approaches, identity practices of dissident gender and sexuality subjects, in a digital epistemic community, with a view to repositioning the epistemological-methodological frameworks of TL. To this end, notions of subject (Cavalcante et al., 2019; Mondada; Dubois, 2003; Butler, 2015), models of context (Van Dijk, 2020) and identity practice (Butler, 2002; Van Dijk, 2013), from a procedural, anti-essentialist and integrationist perspective. In turn, the research universe covers a sample of 64 autobiographical interviews, available on the Pheeno TV channel, on the YouTube platform, between June 2022 and May 2023. Thus, the elaboration of an epistemological-methodological map directs the analyzes of the corpus (six interviews) based on two procedures: i) description of linguistic-discursive strategies; ii) interpretation of sociocognitive, interactional, cultural, political and historical processes. In a critical and ethicalpolitical inflection (Rajagopalan, 2003; Ferreira; Rajagopalan, 2016) of the theoreticalanalytical constructs and the phenomena investigated, the results point, firstly, to a multidisciplinary dialogue between socio-discursive perspectives via processes of assimilation and of miscegenation. Secondly, the (con)textual and identity practices, constructed by dissident subjects, signal stylized corporeal-discursive acts through activities of indexicality and recontextualization of subjectivation experiences. In this dynamic, the textual configuration is partially influenced by conflicts and ideological alignments between different epistemic communities. So, on the one hand, there is the reinforcement of macrosocial normalization processes, and, on the other, friction with strategies of destabilization of the sex/body/gender/desire/practice matrix of intelligibility, through interrelations between body, gender, sexuality, race, age, profession, bi/homophobic violence and ageism, linked to family, religious, educational and media discursive domains. Thus, social meanings of identity stability and intelligibility predominate, as well as the reiteration of discriminatory practices, in situated discursive activities. Therefore, it is possible to contribute, based on this politicalepistemological proposal, to: i) the expansion of the theoretical-analytical method of (con)texts and identities produced by sexual and gender dissent; ii) the expansion of the perception of identity (re)constructions of this social group, in cyberactivism practices, as a possibility of reengagement in their political actions.
Palavras-chave: Linguística
Estudo e ensino
Contexto (Linguística)
Sujeito na literatura
Identidade de gênero
Linguística textual
Sujeito
Contexto
Dissidências sexuais
Dissidências de gênero
Textual linguistics
Subject
Context
Sexual and gender dissent
área CNPQ: LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS
Agência de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Idioma: por
Sigla da Instituição: Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Programa de Pós-graduação: Pós-Graduação em Letras
Citação: MATOS, Samuel de Souza. A noção de sujeito em linguística textual: práticas (con)textuais e identitárias das dissidências sexuais e de gênero. 2024. 231 f. Tese (Doutorado em Letras) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2024.
URI: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/20053
Aparece nas coleções:Doutorado em Letras

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
SAMUEL_SOUZA_MATOS.pdf3,32 MBAdobe PDFThumbnail
Visualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.