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Tipo de Documento: Tese
Título: Enfrentamento, ansiedade e depressão na artrite reumatoide: um modelo explicativo
Autor(es): Santos, Catiele dos Reis
Data do documento: 28-Fev-2025
Orientador: Faro, André
Resumo: A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune crônica que pode causar deformidades articulares, dor intensa e prejuízos psicossociais. A longo prazo, a AR pode ser um contexto estressor que, quando não bem ajustado, pode levar a desfechos negativos como a ocorrência de ansiedade e depressão. Este estudo objetiva propor um modelo explicativo que relaciona dor, funcionalidade, estratégias de enfrentamento e saúde mental, com o objetivo de compreender como o coping funcional pode minimizar sintomas de ansiedade e depressão, além de melhorar a adesão ao tratamento. O estudo foi estruturado em quatro estudos interdependentes. O Estudo 1 é um estudo teórico que buscou aprofundar a teoria transacional do enfrentamento de Lazarus e Folkman e buscou compreender a forma como os indivíduos lidam com o estresse, dando destaque a avaliação cognitiva e a adaptação contínua como elementos centrais. Essa teoria enfatiza que o enfrentamento é mais dinâmico, envolvendo avaliação primária (análise do significado de um evento) e secundária (recursos disponíveis para lidar com ele). O modelo divide as estratégias em: focadas no problema, que visam modificar a fonte do estresse e as estratégias focadas na emoção, que buscam regular as respostas emocionais. No contexto da saúde, especialmente em condições crônicas, a teoria oferece uma compreensão ampla do fenômeno trazendo as estratégias mais eficazes e explicando como, em cada situação, o paciente pode ter um desfecho mais positivo. A flexibilidade e a reavaliação contínuas propostas por Lazarus são especialmente relevantes em ambientes de saúde, onde os estressores frequentemente envolvem fatores prolongados e complexos. O Estudo 2 teve como o objetivo analisar a literatura sobre a relação entre enfrentamento, ansiedade e depressão em pacientes com AR. O método utilizado foi uma revisão de escopo que incorporou 36 artigos e seguiu as diretrizes do Joanna Briggs Institute e o Checklist do Prisma Scr. Os estudos destacaram a relação entre dor, incapacidade física e sintomas psicológicos. Faltam estudos longitudinais e instrumentos específicos para a AR que ajudariam a compreender melhor o curso da doença. A revisão também identificou lacunas, sugerindo a necessidade de estudos mais abrangentes e comparativos, assim como a exploração de outros aspectos do enfrentamento da doença. Os Estudos 3 e 4 buscaram testar um modelo explicativo entre estratégias de enfrentamento, ansiedade (estudo 3), depressão (estudo 4), dor e funcionalidade. A amostra foi composta por 425 mulheres diagnosticadas com AR, com média de idade de 51 anos, recrutadas através de uma pesquisa on-line de caráter nacional. Os instrumentos usados foram os dados sociodemográficos, a HAQ-20 para funcionalidade, a B-PCS para dor, a GAD-7 (estudo 3) para sintomas ansiosos e PHQ-9 (estudo 4) para sintomas depressivos. Os dados foram analisados por meio de uma regressão logística binomial usando o software Jamovi. No estudo 3, o modelo mostrou uma variável explicativa de quase 20% para o modelo em que a dor foi a principal variável preditiva para ansiedade (p < 0,001), enquanto a reavaliação positiva emergiu como um fator protetivo (p = 0,007). A análise revelou que, à medida que a reavaliação positiva aumentava, a probabilidade de sintomas ansiosos diminuía, enquanto o aumento da dor estava associado aos níveis mais altos de ansiedade. A relevância da reavaliação positiva sugere que intervenções focadas na modificação de crenças disfuncionais e na promoção de interpretações mais adaptativas podem auxiliar pacientes com AR. O estudo 4, que validou o modelo explicativo para a depressão na AR teve uma variância explicativa de quase 39% e apontou os itens de dor e higiene como fatores de risco para a depressão, quanto a estratégia de confronto funciona como um fator protetivo. Esses achados ressaltam a importância de intervenções psicológicas voltadas para o desenvolvimento da estratégia de confronto e combate a dor, mostrando a importância de um trabalho multidisciplinar, estratégias comportamentais de combate a dor e ativação comportamental para a diminuição dos sintomas depressivos e contribuindo para a qualidade de vida dos pacientes. Por fim, os objetivos propostos foram cumpridos e os estudos mostraram que a dor mostrou-se como principal preditora para a ansiedade e depressão e a higiene como um dos preditores para a depressão. Em contraponto, tem-se as estratégias de enfrentamento mencionadas como protetora, cumprindo-se assim, os objetivos propostos.
Abstract: Rheumatoid arthritis (RA) is a chronic autoimmune disease that can cause joint deformities, intense pain, and psychosocial impairments. In the long term, RA can be a stressful condition that, when not well managed, may lead to negative outcomes such as anxiety and depression. This study aims to propose an explanatory model that relates pain, functionality, coping strategies, and mental health to understand how functional coping can minimize symptoms of anxiety and depression while improving treatment adherence. The study was structured into four interdependent studies. Study 1 is a theoretical study that aimed to deepen the transactional theory of coping by Lazarus and Folkman and to understand how individuals deal with stress, highlighting cognitive appraisal and continuous adaptation as central elements. This theory emphasizes that coping is highly dynamic, involving primary appraisal (analyzing the meaning of an event) and secondary appraisal (evaluating the available resources to handle it). The model categorizes strategies into problem-focused coping, which aims to modify the source of stress, and emotion-focused coping, which seeks to regulate emotional responses. In the health context, especially in chronic conditions, this theory provides a broad understanding of coping by identifying the most effective strategies and explaining how, in each situation, patients may achieve better outcomes. The flexibility and continuous reappraisal proposed by Lazarus are particularly relevant in healthcare settings, where stressors often involve prolonged and complex factors. Study 2 aimed to analyze the literature on the relationship between coping, anxiety, and depression in RA patients. The method used was a scoping review incorporating 36 articles, following the Joanna Briggs Institute guidelines and the Prisma Scr Checklist. The studies highlighted the relationship between pain, physical disability, and psychological symptoms. However, there is a lack of longitudinal studies and RA-specific instruments that could provide a better understanding of the disease’s progression. The review also identified gaps, suggesting the need for more comprehensive and comparative studies, as well as the exploration of other aspects of coping with the disease. Studies 3 and 4 sought to test an explanatory model between coping strategies, anxiety (Study 3), depression (Study 4), pain, and functionality. The sample consisted of 425 women diagnosed with RA, with a mean age of 51 years, recruited through a nationwide online survey. The instruments used included sociodemographic data, the HAQ-20 for functionality, the B-PCS for pain, the GAD-7 (Study 3) for anxiety symptoms, and the PHQ-9 (Study 4) for depressive symptoms. Data were analyzed using binomial logistic regression via the Jamovi software. In Study 3, the model explained nearly 20% of the variance, with pain being the main predictive variable for anxiety (p < 0.001), while positive reappraisal emerged as a protective factor (p = 0.007). The analysis revealed that as positive reappraisal increased, the likelihood of experiencing anxiety symptoms decreased, whereas higher pain levels were associated with more severe anxiety. The relevance of positive reappraisal suggests that interventions focused on modifying dysfunctional beliefs and promoting more adaptive interpretations may benefit RA patients. Study 4, which validated the explanatory model for depression in RA, had an explanatory variance of nearly 39% and identified pain and hygiene as risk factors for depression, whereas confrontational coping functioned as a protective factor. These findings emphasize the importance of psychological interventions aimed at strengthening confrontation strategies and pain management. They also highlight the significance of a multidisciplinary approach, behavioral pain management strategies, and behavioral activation to reduce depressive symptoms and enhance patients’ quality of life. Finally, the proposed objectives were achieved, and the studies demonstrated that pain was the primary predictor of anxiety and depression, while hygiene was one of the predictors for depression. In contrast, coping strategies emerged as protective factors, thus fulfilling the study’s objectives.
Palavras-chave: Artrite reumatóide
Ansiedade
Depressão
Enfrentamento
Saúde mental
Psicologia
Rheumatoid arthritis
Anxiety
Depression
Coping
área CNPQ: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Idioma: por
Sigla da Instituição: Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Programa de Pós-graduação: Pós-Graduação em Psicologia
Citação: SANTOS, Catiele dos Reis. Enfrentamento, ansiedade e depressão na artrite reumatoide: um modelo explicativo. 2025. 150 f. Tese (Doutorado em Psicologia) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2025.
URI: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/21633
Aparece nas coleções:Doutorado em Psicologia

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