Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/14378
Tipo de Documento: Tese
Título: Crítica dos estudos do território : para além de antinomias e metáforas
Autor(es): Nunes, Pedro Paulo de Lavor
Data do documento: 24-Fev-2021
Orientador: Santos, Ana Rocha dos
Resumo: Uma significativa fração de geógrafos no Brasil, em maior presença nos últimos quarenta anos, tem produzido estudos conceituais do território com fundamento em concepções liberais e irracionalistas, sob o manto da “pluralidade” e de uma “abordagem relacional”, tendo objetivo atender as perspectivas voltadas aos estudos da territorialidade e aos projetos e planejamentos investidos à escala local, assim como, amparar e legitimar diversos discursos e políticas públicas liberais sob interesse da burguesia. Dentre tais estudos, ressaltam-se, no Brasil os realizados por Rogério Haesbaert, tanto pela quantidade de pesquisas que o utiliza como fundamentação teórica básica, quanto pelo esforço teórico na conceituação/problematização do território, conjugando antinomias e metáforas espaciais, do que ele relaciona entre processos concreto-funcionais e simbólico-identitários. Se, por um lado, o conceito de território enquanto localidade, territorialidade ou lugar foi (re)valorizado, por outro, ocorreu a completa banalização das questões econômico-políticas, reduzindo rigorosamente o debate sobre os conflitos, a dominação de determinadas classes sociais sobre as outras, o caráter ativo do Estado burguês e as múltiplas relações e determinações abarcadas na totalidade da produção capitalista do espaço. Esta tese propõe uma reflexão ontológica de fundamento para a crítica dos estudos epistemológicos de Haesbaert sobre o território, no compromisso de contribuir com uma orientação teórico-metodológica para compreender a realidade social em espaços de apropriação e dominação territoriais. Assim, espaço, dialética, materialidade, escalas espaciais e totalidade serão processualmente evidenciados, sob perspectiva da concepção materialista da história, sendo respaldada a tríade direção crítica-reflexiva-operacional. O método de análise que orientou esta pesquisa e a escrita do conjunto do trabalho doutoral foi o materialismo histórico dialético. Portanto, como o método elaborado por Marx, realizou-se o estudo do real contraditório através da crítica aos fundamentos e das movimentações teóricas ante concepções liberais e de negação da transformação de mundo. No bojo de negação da práxis revolucionária, geógrafos pós-estruturalistas e pós-modernos prolongam o entendimento foucaultiano de universalização das fragmentárias “relações de poder” para o campo da Geografia. E, assim, ao reproduzir uma concepção distorcida da história ou uma abstração total dela, Haesbaert (como representante dos estudos do território no Brasil) em seu processo de produção de pensamento tem convertido contradições dialéticas em antinomias e elevado momentos isolados de uma totalidade contraditória em metáforas espaciais. Na crítica aos pressupostos pósestruturalistas e pós-modernos, aqui defende-se uma Geografia compromissada com a transformação social, para além de antinomias e metáforas de uma ciência voltada para reprodução da lógica liberal e fomentadora de políticas para reprodução do capital. Uma Geografia que além de denunciar a contradição entre o mundo das aparências e do consumo e a irracionalidade presente no conjunto da sociedade, possa também proclamar aquilo que as concepções liberais tem tentado destruir: as questões da luta por uma outra sociedade e da liberdade humana real.
Abstract: A significant fraction of geographers in Brazil, most present in the last forty years, has produced conceptual studies of the territory based on liberal and irrationalist conceptions, under the cover of “plurality” and a “relational approach”, aiming to meet the perspectives aimed at territoriality studies and projects and plans invested at the local scale, as well as supporting and legitimizing various liberal public discourses and policies under the interest of the bourgeoisie. Among such studies, the studies carried out by Rogério Haesbaert in Brazil stand out, both for the amount of research that uses it as a basic theoretical foundation, and for the theoretical effort in conceptualizing / problematizing the territory, combining antinomies and spatial metaphors, of what he relates between concrete-functional and symbolic-identity processes. If, on the one hand, the concept of territory as a locality, territoriality or place was (re) valued, on the other, there was a complete trivialization of economic-political issues, severely reducing the debate about conflicts, the domination of certain social classes over the others, the active character of the bourgeois state and the multiple relations and determinations encompassed in the totality of the capitalist production of space. This thesis proposes a fundamental ontological reflection for the criticism of Haesbaert's epistemological studies on the territory, in the commitment to contribute with a theoretical-methodological orientation to understand the social reality in spaces of territorial appropriation and domination. Thus, space, dialectics, materiality, spatial scales and totality will be procedurally evidenced, from the perspective of the materialist conception of history, supported by the triad critical-reflexive-operational direction. The method of analysis that guided this research and the writing of all the doctoral work is dialectical historical materialism. Therefore, like the method devised by Marx, the study of the contradictory real was carried out through criticism of the fundamentals and theoretical movements before liberal conceptions and denial of the transformation of the world. In the midst of the denial of revolutionary praxis, poststructuralist and post-modern geographers prolong Foucault's understanding of the universalization of the fragmentary “power relations” for the field of Geography. And so, in reproducing a distorted conception of history or a total abstraction from it, Haesbaert (as a representative of the studies of the territory in Brazil) in his thought production process has converted dialectical contradictions into antinomies and elevated isolated moments of a contradictory totality in spatial metaphors. In criticizing the post-structuralist and post-modern assumptions, here we advocate a Geography committed to social transformation, beyond antinomies and metaphors of a science aimed at reproducing the liberal logic and promoting policies for the reproduction of capital. A Geography that besides denouncing the contradiction between the world of appearances and consumption and the irrationality present in society as a whole, can also proclaim what liberal conceptions have tried to destroy: the issues of the struggle for another society and real human freedom.________________________________________________________________________________________________________________________________
Une fraction significative des géographes au Brésil, la plupart présents ces quarante dernières années, a produit des études conceptuelles du territoire basées sur des conceptions libérales et irrationnelles, sous couvert de «pluralité» et d'une «approche relationnelle», visant à répondre aux perspectives sur les études de territorialité et sur les projets et plans investis à l'échelle locale, ainsi que sur le soutien et la légitimation de divers discours et politiques publiques libérales dans l'intérêt de la bourgeoisie. Parmi ces études, les études menées par Rogério Haesbaert au Brésil se distinguent, à la fois par la quantité de recherche qui l'utilise comme fondement théorique de base, et par l'effort théorique de conceptualisation / problématisation du territoire, combinant antinomies et métaphores spatiales, de ce qu'il rapporte entre processus concretfonctionnel et symbolique-identitaire. Si, d'une part, la notion de territoire comme localité, territorialité ou lieu était (ré) valorisée, d'autre part, il y avait une banalisation complète des enjeux économico-politiques, réduisant fortement le débat sur les conflits, la domination de certains les classes sociales par rapport aux autres, le caractère actif de l'État bourgeois et les multiples relations et déterminations englobées dans la totalité de la production capitaliste de l'espace. Cette thèse propose une réflexion ontologique fondamentale pour la critique des études épistémologiques de Haesbaert sur le territoire, dans l'engagement de contribuer avec une orientation théorico-méthodologique à comprendre la réalité sociale dans des espaces d'appropriation et de domination territoriales. Ainsi, l'espace, la dialectique, la matérialité, les échelles spatiales et la totalité seront mis en évidence procéduralement, du point de vue de la conception matérialiste de l'histoire, soutenue par la triade direction critique-réflexive-opérationnelle. La méthode d'analyse qui a guidé cette recherche et la rédaction de tout le travail doctoral est le matérialisme historique dialectique. Ainsi, comme la méthode imaginée par Marx, l'étude du réel contradictoire s'est faite à travers la critique des fondamentaux et des mouvements théoriques avant les conceptions libérales et le déni de la transformation du monde. Au milieu du déni de la praxis révolutionnaire, les géographes post-structuralistes et postmodernes prolongent la compréhension de Foucault de l'universalisation des «rapports de pouvoir» fragmentaires pour le domaine de la géographie. Et ainsi, en reproduisant une conception déformée de l'histoire ou une abstraction totale de celleci, Haesbaert (en tant que représentant des études du territoire brésilien) dans son processus de production de pensée a converti les contradictions dialectiques en antinomies et élevé des moments isolés d'une totalité contradictoire dans les métaphores spatiales. En critiquant les hypothèses post-structuralistes et postmodernes, nous prônons ici une Géographie engagée dans la transformation sociale, en plus des antinomies et des métaphores d'une science visant à reproduire la logique libérale et à promouvoir des politiques de reproduction du capital. Une Géographie qui, en plus de dénoncer la contradiction entre le monde des apparences et de la consommation et l'irrationalité présente dans la société dans son ensemble, peut aussi proclamer ce que les conceptions libérales ont tenté de détruire: les enjeux de la lutte pour une autre société et une vraie liberté humaine.
Palavras-chave: Geografia
História e crítica
Metodologia
Territorialidade humana
Rogério Haesbaert (Géografo)
Território
Teoria
Método
História da geografia
Territory
Theory
Method
History of geography
Territoire
Théorie
Méthode
Histoire de la géographie
área CNPQ: CIENCIAS HUMANAS::GEOGRAFIA
Idioma: por
Sigla da Instituição: Universidade Federal de Sergipe
Programa de Pós-graduação: Pós-Graduação em Geografia
Citação: NUNES, Pedro Paulo de Lavor. Crítica dos estudos do território : para além de antinomias e metáforas. 2021. 215 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2021.
URI: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/14378
Aparece nas coleções:Doutorado em Geografia

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
PEDRO_PAULO_LAVOR_NUNES.pdf1,96 MBAdobe PDFThumbnail
Visualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.