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Tipo de Documento: Dissertação
Título: “Deu um branco” na história da psicanálise brasileira: eugenia, racismo e a desonra política da psicanálise no Brasil (1920-1940)
Autor(es): Nascimento, Bárbara Santos Andrade
Data do documento: 30-Jul-2024
Orientador: Coelho, Daniel Menezes
Resumo: A emergência da psicanálise no contexto europeu é marcada por uma subversão diante do conceito de degeneração e suas articulações com hereditariedade e perversão. Apesar disso, uma das suas entradas no território brasileiro se deu como ferramenta de um programa de higiene mental e eugenia, construído por uma elite de médicos, psiquiatras e intelectuais. O presente estudo teve como objetivo investigar a emergência da psicanálise no contexto brasileiro no século XX, especificamente, nas décadas de 1920, 1930 e 1940, momento de discussão sobre a viabilidade da nação e construção de um projeto de civilização. Para isto, tomamos como objeto o discurso eugênico, que pode ser identificado a partir dos Archivos Brasileiros de Hygiene Mental, publicados pela Liga Brasileira de Higiene Mental, entre 1925 e 1947. A partir das publicações realizadas, nos valemos do método de análise foucaultiano para identificar os tipos de racionalidades que fizeram emergir o discurso psicanalítico como operador da educação dos instintos. A função da apreensão da psicanálise como tecnologia dos instintos aparece como uma ferramenta eugênica para construção de um discurso-objeto de modo a perpetuar os regimes de poder vigentes à época. Nesse sentido, verificamos que as ideias da psicanálise operaram na imbricação do dispositivo da sexualidade e da racialidade com objetivo de criar privilégios de brancos sobre não brancos. Com isso, oferecemos um contraste possível com a historiografia oficial, que se produz em torno de uma proposta de psicanálise apolítica, e propomos a reflexão dos efeitos da abstinência do debate racial no interior das discussões da psicanálise. Por fim, propomos uma postura ético-política que possibilite ao campo psicanalítico abordar suas histórias e seus traumas, a partir de uma historiografia política capaz de considerar contextos locais e identificar as marginalidades necessárias ao seu campo.
Abstract: The emergence of psychoanalysis in Europe was marked by a subversion of the concept of degeneration and its links to heredity and perversion. Despite this, one of its entries into Brazilian territory was as a tool in a program of mental hygiene and eugenics, constructed by an elite of doctors, psychiatrists and intellectuals. The aim of this study was to investigate the emergence of psychoanalysis in the Brazilian context in the 20th century, specifically in the 1920s, 1930s and 1940s, a time of discussion about the viability of the nation and the construction of a civilization project. To do this, we took as our object the eugenic discourse, which can be identified from the Archivos Brasileiros de Hygiene Mental (Brazilian Archives of Mental Hygiene), published by the Liga Brasileira de Higiene Mental (Brazilian League of Mental Hygiene) between 1925 and 1947. Based on these publications, we used the Foucauldian method of analysis to identify the types of rationalities that led to the emergence of psychoanalytic discourse as a operator in the education of instincts. The function of the apprehension of psychoanalysis as a technology of the instincts appears as a eugenic tool for the construction of a discourse-object in order to perpetuate the regimes of power in force at the time. In this sense, we find that the ideas of psychoanalysis operated in the interweaving of the device of sexuality and raciality with the aim of creating privileges for whites over nonwhites. With this, we offer a possible contrast with the official historiography that is produced around a proposal of apolitical psychoanalysis and propose a reflection on the effects of abstinence from the racial debate within the discussions of psychoanalysis. Finally, we propose an ethical-political stance that enables the psychoanalytic field to approach its histories and traumas from a political historiography capable of considering local contexts and identifying the marginalities necessary for its field.
Palavras-chave: Psicologia
História da psicanálise no Brasil
Eugenia
Raças
Psicanálise
História
Psychology
Psychoanalysis
History
Eugenics
Race
área CNPQ: CIENCIAS HUMANAS::PSICOLOGIA
Agência de fomento: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES
Idioma: por
Sigla da Instituição: Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Programa de Pós-graduação: Pós-Graduação em Psicologia
Citação: NASCIMENTO, Bárbara Santos Andrade. “Deu um branco” na história da psicanálise brasileira: eugenia, racismo e a desonra política da psicanálise no Brasil (1920-1940). 2024.158 f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2024.
URI: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/20769
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