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Tipo de Documento: Monografia
Título: Linguística aplicada e pós-humanismo : reflexões sobre o status do inglês numa era ciborguiana
Autor(es): Santos, Breno Mendes da Silva
Data do documento: 14-Set-2024
Orientador: Nascimento, Ana Karina de Oliveira
Resumo: A partir do meu interesse, tanto por questões filosóficas quanto pelos recentes avanços tecnológicos, logo me deparei com o termo: pós-humano. A curiosidade sobre do que se tratava o tema me levou a pesquisas e leituras, nas quais descobri a relação do pós-humano com a figura do ciborgue. Ao refletir a respeito, as primeiras referências que lembrei se relacionaram a representações feitas em desenhos animados, quadrinhos e filmes. Contudo, com o intuito de não permanecer no senso comum, resolvi aprofundar meus estudos sobre o assunto. Ao pesquisar a etimologia da palavra cyborg, em inglês, descobri que se trata da união das palavras: cybernetic + organism (Ferrando, 2017). Sendo assim, pode-se dizer que um ciborgue é a junção de um organismo (orgânico, humano) com o cibernético (máquina, não-humano), geralmente para melhorar seu desempenho, ou até mesmo para sobrevivência (Ferrando, 2017). Como consequência dessas pesquisas iniciais, deparei-me com a seguinte questão: será a figura de um ciborgue o que mais se aproxima da ideia do pós-humano? A partir deste, outros questionamentos surgem, especialmente ao pensar nas representações artísticas e cinematográficas de um ciborgue, que em sua grande maioria apresentam a figura de um ser humanoide, com partes não-humanas (metais, fios, máquina). A partir daí me ocorrem as questões: ainda assim, podemos considerá-lo humano? O que define um ser humano? Para ser considerado humano, é preciso ter todos os seus membros (orgânicos) em perfeito estado? Acredito que ao lembrarmos das pessoas com deficiência (PCD), responderemos prontamente que não - apesar das contradições, como as condições frustrantes que os indivíduos PCD são obrigados a enfrentar pela falta de acessibilidade ao seu redor. Seguindo com os questionamentos, também me perguntei: existe um modelo do que é ser humano? Para seguir o modelo do que é o humano, faz-se necessário não utilizar artefato tecnológico algum para melhorar seu desempenho? Pessoas com deficiência locomotiva fazem uso de cadeiras de rodas e pessoas com deficiência visual utilizam óculos de grau ou lentes de contato. Isso lhes torna menos humanos? Indo para além das deficiências, também me perguntei: para ser visto como humano, é necessário fazer parte de um grupo étnico específico? Estas perguntas me levaram à suposta figura do pós-humano e ao pós-humanismo, um amplo e diversificado campo de estudos - com o qual passei a me identificar -, que em algumas de suas vertentes, são questionados e desafiados os pressupostos da centralidade do humano, proveniente do modelo cultural do humanismo europeu (Takaki, 2019), do dualismo e do antropocentrismo. Para o pós-humanismo a 2 clássica definição do ser humano, que tem como modelo o Homem Vitruviano, de Leonardo Da Vinci, é questionada e desconstruída. Pois, se existe um padrão que define quem é humano, aqueles que não se encaixam nesse padrão, o que são? É provável, então, que o termo ciborgue desperte à memória do(a) leitor(a), referências cinematográficas hollywoodianas como RoboCop, Exterminador do Futuro, Inspetor Bugiganga, entre outros(as). Apesar destes personagens serem referências fidedignas ao termo, este trabalho não visa explorar o terreno da ficção científica, para além da mera ilustração. Na verdade, a inspiração para explorar a ideia do ciborgue vem do texto: A Cyborg Manifesto (Haraway, 2016 [1985]), um ensaio que traz à discussão acadêmica, a figura do ciborgue como uma metáfora, sobre o momento de transição para uma nova era, que se inicia no final do século XX (dos anos 80 aos anos 2000), causado pela revolução tecnológica e digital. Haraway (2016 [1985]) discute que, a fronteira entre o humano e o não-humano sempre foi “borrada”, mas a partir desse período (final do século XX), os avanços tecnológicos resultariam em profundos rearranjos nas relações sociais, políticas e de poder, além de mudanças nas concepções de identidade, de gênero e de humano. Uma das mudanças mencionadas pela mesma autora é o da transição de uma sociedade industrial para uma sociedade informacional, em que o mercado digital - denominado por ela como informática da dominação - torna-se predominante. O ciborgue, neste mito, “é um tipo de eu pós-moderno, coletivo e pessoal, desmontado e remontado” (Haraway, 2016 [1985], p. 33, tradução minha)1 . Quase que profeticamente, a autora prevê o que chama de um mundo de ciborgues, período em que as fronteiras entre humano e não-humano, ou orgânico e cibernético, seriam desconstruídas. E o que essa discussão tem a ver com a língua inglesa e com a linguística aplicada? A ideia de um mundo de ciborgues, me fez refletir sobre questões voltadas à língua falada pelos tais ciborgues. São os ciborgues falantes de uma língua em comum? Uma ligeira associação entre língua e tecnologia me veio como resultado automático a língua inglesa, devido à sua predominância no meio digital. Contudo, qual o papel da língua inglesa na era dos ciborgues? A partir do contexto da globalização e do status que o inglês carrega de língua franca, será que podemos classificá-lo como língua ciborguiana? E o que significa ser uma língua ciborguiana? Significa ser simplesmente o código linguístico dominante durante a era dos ciborgues?
Palavras-chave: Letras estrangeiras (inglês)
Ensino superior (UFS)
Pós-humanismo
Ciborgue
Identidade humana
Tecnologia e sociedade
Filosofia da linguagem
área CNPQ: CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO
Idioma: por
Sigla da Instituição: Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Departamento: DLES - Departamento de Letras Estrangeiras – São Cristóvão - Presencial
Citação: Santos, Breno Mendes da Silva. Linguística aplicada e pós-humanismo : reflexões sobre o status do inglês numa era ciborguiana. São Cristóvão, 2024. Monografia (licenciatura em Letras Português-Inglês) – Departamento de Letras Estrangeiras, Centro de Educação e Ciências Humanas, Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2024
URI: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/21189
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