Formação de professores de matemática com tecnologias digitais: compreensões, experiências e processos ecossistêmicos

Abstract

Esta tese tem como objetivo geral compreender os processos formativos experienciados pelos estudantes do Departamento de Matemática (DMA), da Universidade Federal de Sergipe (UFS), relacionando-os ao ensino e às aprendizagens com tecnologias digitais. A formação inicial de professores apresenta elementos complexos pela imersão da profissão nos contextos cultural, social, político, científico e tecnológico que implicam nos saberes e fazeres da docência na sociedade e nas instituições de ensino superior (IES). O contexto institucional deste estudo envolve o Programa de Pós-graduação em Educação (PPGED), especificamente, na área de Educação e linha de pesquisa Formação e Prática Docente, vinculado ao projeto em rede “Formação de Professores, Saberes, Práticas Educativas no Campo da Pesquisaintervenção” do Grupo de Estudos em Educação Superior (GEES). Epistemologicamente, fundamenta-se na abordagem da complexidade por emergir dos diferentes fenômenos sociais, estabelecendo inter-relações entre múltiplas perspectivas e os diversos aspectos da realidade. Trata-se, ainda, de uma investigação qualitativa, de cunho empírico, por envolver valores, fatos e significados acerca das subjetividades dos atores envolvidos nesta tese. A metodologia da pesquisa-intervenção foi escolhida pela possibilidade de ressignificação das práticas pedagógicas, enfatizando as inter-relações entre sujeitos e objeto, ambiências (auto)formativas e produção de conhecimento, teoria e prática. Os participantes deste trabalho foram 29 licenciandos, do segundo ao oitavo período, vinculados ao Programa de Residência Pedagógica (PRP) e ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) do DMA/UFS. Um itinerário formativo, com 35 horas de carga horária, foi desenvolvido com encontros on-line e presencial, potencializando a produção de dados e informações por meio dos dispositivos da memória educativa e dos registros no Padlet. O corpus de análise foi trabalhado à luz das noções subsunçoras, em movimentos de idas e vindas com as operações cognitivas, buscando o (re)agrupamento das unidades de significação em temas e campo. A análise documental revelou que os projetos pedagógicos de cursos de formação inicial em Matemática dependem de um conhecer fazer que vai além da inclusão de disciplinas com competências tecnológicas e de ensinar com softwares matemáticos. Isso envolve repensar não só os conteúdos, mas também a epistemologia das práticas e as metodologias de aprendizagens. Ao envolver ações que valorizam o entrelaçamento entre os diversos elementos educacionais, a formação docente passa a ser um campo de permanente inovação, capaz de atender às demandas contemporâneas da educação e, ao mesmo tempo, rompem com práxis reducionistas. Além disso, os achados evidenciaram a tese de que a formação inicial docente na área de Matemática requer a apropriação das tecnologias digitais em processos ecossistêmicos que considerem atos conectivos, compreensões, experiências em redes colaborativas de aprendizagens e espaços de experimentação de coexistência entre humanos e não humanos. O exercício dessa profissão deve perpassar pelos contextos acadêmicos, sociais, culturais e econômicos em que a trajetória dos licenciandos seja constituída numa interação auto-heteroecoformativa.