Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/23613
Tipo de Documento: Tese
Título: Indicadores clínicos e epidemiológicos da tuberculose no Brasil, 2001 - 2020: dinâmica espacial, tendência temporal e impacto da pandemia de COVID-19
Autor(es): Souza, Mariana do Rosário
Data do documento: 2024
Orientador: Santos, Márcio Bezerra
Coorientador: Lima, Shirley Verônica Melo Almeida
Resumo: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa grave e de evolução crônica, causada pelo bacilo Mycobacterium tuberculosis. Anualmente, cerca de 10,6 milhões de pessoas adoecem com TB no mundo e, apesar de ser uma doença curável, 1,6 milhão de pessoas morrem por complicações clínicas da doença a cada ano. No Brasil, as disparidades regionais podem influenciar na prevalência e mortalidade por TB e regiões mais pobres, como o Nordeste, podem ser mais afetadas pela doença. Destarte, este estudo objetivou avaliar a dinâmica espacial e temporal dos indicadores clínicos e epidemiológicos da tuberculose e o impacto da pandemia de COVID-19 nos diagnósticos da doença no Brasil. Para tanto, foi conduzido um estudo ecológico e de série temporal com dados obtidos nas plataformas públicas do governo brasileiro, o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com os indicadores de tuberculose pulmonar (TBP) dos nove estados da região Nordeste. Para avaliar o impacto da pandemia nos casos de TB, foi calculado o P-score, considerando o número de casos esperados de acordo com a média dos casos novos registrados mensalmente nos cinco anos anteriores à pandemia. Para análise espacial, foram aplicados índices de Moran globais e locais e estatísticas de varredura espaço-temporal foram utilizadas para detecção de clusters de alto risco. As tendências temporais foram avaliadas por meio de um modelo de regressão linear segmentado. Após a irrupção da pandemia de COVID-19, em 2020, houve reduções nos diagnósticos de TB (-8,3%) e TBP (-8,1%) no Brasil e as análises de séries temporais interrompidas corroboraram esse declínio a partir de março de 2020. Concernente aos indicadores da doença na região Nordeste, foram notificados 426.110 casos de TBP, entre 2001 e 2020, com predomínio de casos na faixa etária de 20-39 anos (43.04%), entre não brancos (54.65%) e homens (66.04%). Ademais, o coeficiente de incidência e de mortalidade na região foi de 35,94 e 1,15/100 mil habitantes, respectivamente. Os maiores coeficientes de incidência e mortalidade foram observados no estado de Pernambuco (55.66 e 2,03/100 mil habitantes, respectivamente). Contraditoriamente, Sergipe apresenta a maior proporção de cura (72,05%) e abandono (12.77%). Além disso, observou-se tendência temporal estável no coeficiente de detecção de casos na região. Por outro lado, o coeficiente de mortalidade apresentou tendência crescente neste período (APC = 17,4% ao ano) e essa tendência crescente foi observada em todos os estados. Impressionantemente, houve estabilidade na proporção de abandono e tendencia decrescente na proporção de curados. A TBP tem distribuição heterogênea na região Nordeste, mas com aglomerados espaço-temporais de alto risco, principalmente na Bahia, Ceará, Maranhão e litoral de Alagoas e Pernambuco. Tomados em conjunto, esses dados reportam um cenário insidioso e preocupante acerca da TB no Brasil. Outrossim, nossas análises demonstraram impacto severo da pandemia de COVID- 19, com redução nos diagnósticos de TB e TBP no Brasil e em suas regiões. A estabilidade na taxa de incidência, associada ao aumento na taxa de mortalidade e a queda na proporção de curados escancaram as deficiências para o controle da TB e põe em risco a meta do Brasil para o “End TB strategy” pactuado com a WHO.
Abstract: Tuberculosis (TB) is a severe and chronic infectious disease, cause by the bacillus Mycobacterium tuberculosis. Around 10.6 million people fall ill with TB around the world annually and, despite it being a curable disease, 1.6 million people die each year due to clinical complications of this disease. In Brazil, regional disparities can influence TB prevalence and mortality and poorer regions, such as the Northeast, may be more affected by the disease. Considering this, we aimed herein to assess the spatial and temporal dynamics of clinical and epidemiological indicators of tuberculosis and the impact of the COVID-19 pandemic on diagnoses of the disease in Brazil. To this end, an ecological and time series study was conducted with data obtained from the Brazilian government's public platforms, the Notifiable Diseases Information System (SINAN) and the Brazilian Institute of Geography and Statistics (IBGE) and with pulmonary tuberculosis (PTB) indicators from the nine states of the Northeast region. To assess the impact of the pandemic on TB cases, the P-score was calculated, considering the number of expected cases and according to the average of new cases registered monthly in the five years prior to the pandemic. For spatial analysis, global and local Moran indices were applied, and spatiotemporal scanning statistics were used to detect high-risk clusters. Temporal trends were assessed using a segmented linear regression model. After the outbreak of the COVID-19 pandemic in 2020, there were reductions in TB (-8.3%) and PTB (- 8.1%) diagnoses in Brazil and interrupted time series analyzes corroborated this decline from March 2020. Concerning the disease indicators in the Northeast region, 426,110 cases of PTB were reported between 2001 and 2020, with a predominance of cases in the age group of 20-39 years (43.04%), among non-whites (54.65%) and men (66.04%). Furthermore, the incidence and mortality coefficient in the region was 35.94 and 1.15/100 thousand inhabitants, respectively. The highest incidence and mortality rates were observed in the state of Pernambuco (55.66 and 2.03/100 thousand inhabitants, respectively). Contradictorily, Sergipe has the highest proportion of cures (72.05%) and abandonment (12.77%). Additionally, a stable temporal trend was observed in the case detection coefficient in the region. Conversely, the mortality rate showed an increasing trend in this period (APC = 17.4% per year) and this increasing trend was observed in all states. Impressively, there was stability in the proportion of abandonment and a decreasing trend in the proportion of cured patients. PTB has a heterogeneous distribution in the Northeast region, but with high-risk spatiotemporal clusters, mainly in Bahia, Ceará, Maranhão and the coast of Alagoas and Pernambuco. Taken together, these data report an insidious and worrying scenario regarding TB in Brazil. In addition, our analyzes demonstrated the severe impact of the COVID-19 pandemic, with a reduction in TB and PTB diagnoses in Brazil and its regions. The stability in the incidence rate, associated with the increase in the mortality rate and the drop in the proportion of cured people, highlights the deficiencies in TB control and puts Brazil's goal for the “End TB strategy” agreed with the WHO at risk.
Palavras-chave: Tuberculose
COVID-19
Serviços de saúde
Epidemiologia
Brasil
Tuberculosis
COVID-19
Health services
Epidemiology
Brazil
Idioma: por
Sigla da Instituição: Universidade Federal de Sergipe
Programa de Pós-graduação: Pós-Graduação em Ciências da Saúde
Citação: SOUZA, Mariana do Rosário. Indicadores clínicos e epidemiológicos da tuberculose no Brasil, 2001 - 2020: dinâmica espacial, tendência temporal e impacto da pandemia de COVID-19. 2024. 95f. Tese (Doutorado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de Sergipe, Aracaju, 2024.
URI: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/23613
Aparece nas coleções:Doutorado em Ciências da Saude

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
Tese_Mariana_do_Rosario_Souza.pdf4,58 MBAdobe PDFThumbnail
Visualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.