Use este identificador para citar ou linkar para este item: https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/17488
Tipo de Documento: Tese
Título: Dimensões de corpo, gênero e sexualidade na formação médica : disputas e silenciamentos na composição curricular da UACV/CFP/UFCGs
Autor(es): Bolonha, Fabíola Junduria
Data do documento: 23-Nov-2022
Orientador: Dias, Alfrâncio Ferreira
Coorientador: Oliveira, Aldo Gonçalves de
Resumo: O presente estudo é parte do projeto de Doutorado Interinstitucional (Dinter) entre o Programa de Doutorado em Educação da Universidade Federal de Sergipe (PPGED/UFS) e a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Centro de Formação de Professores (CFP), campus de Cajazeiras, PB. A temática desta tese doutoral se insere nas discussões sobre formação médica, e de modo específico, sobre currículo médico e as dimensões de corpo, gênero e sexualidade. Da conexão entre esses temas, o presente trabalho objetivou analisar como o corpo, gênero e sexualidade são acionadas no Projeto Político Pedagógico (PPC) do curso de medicina da Unidade Acadêmica de Ciências da Vida (UACV) (Campus de Cajazeiras). Para dar conta desta proposta de investigação, foi tomado o referencial teórico-metodológico dos estudos pós-críticos sobre currículo. O mesmo fez entender que se quisesse saber como essas dimensões são acionadas no currículo, produzindo sujeitos médicos, deveria ir até os discursos que sobressaem do mesmo, uma vez que são significados como práticas permeadas por relações de poder-saber, que produzem aquilo que nomeiam. Argumenta-se nesta tese, que são múltiplas as formações discursivas – das normativas e diretrizes oficiais, científicas, biológicas/biomédicas, sociais, pedagógicos – que entram em disputa na composição curricular para a abordagem de saberes sobre gênero e sexualidade, que acabam silenciando corpos LGBTQIA+ na formação médica, silenciando a diversidade ou diferença. Percorrendo esse argumento, é possível compreender na análise, que a formação de médicos(as) pelo currículo da UACV/UFCG aciona estratégias e técnicas de poder articuladas, ainda centradas no modelo biomédico, garantindo, como uma instituição de poder, a manutenção das relações de dominação e efeitos de hegemonia. O trabalho consiste de 4 capítulos. O capítulo 1 é uma contextualização do tema de pesquisa com os objetivos geral e específicos, juntamente com as inspirações metodológicas. No capítulo 2 são aprofundados os conceitos centrais de abordagem e análise da forma como as perspectivas pós-críticas abordam tais conceitos, finalizando a seção com a metodologia escolhida. No capítulo 3, são evocadas algumas memórias do movimento LGBTQIA+ no Brasil e o acolhimento em políticas públicas em saúde e, encerrando o capítulo, são analisadas as políticas educacionais representadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em medicina. Por fim, no capítulo 4, foram realizadas as análises discursivas no PPC do curso de medicina da UACV/UFCG e, a partir dessa análise, foi constatado que a construção do PPC se deu de forma arbitrária e interessada, considerando as DCNs de 2001 que não acolhem os conceitos de corpo, sexualidade e saúde na diversidade - uma das razões pelas quais estas foram reformuladas em 2014. O que é proposto no PPC é concretizado na matriz curricular, as disciplinas estão alinhadas com as propostas de ensino em saúde, ainda que com uma forte preponderância de disciplinas com enfoques biologicista, priorizando alguns conhecimentos em relação a outros. Analisando discursos presentes nos currículos e ementas disciplinares, se torna evidente o enfoque a conteúdos de cunhos biologicistas, a naturalização de discursos sobre corpos anatômicos e fisiológicos, e de gêneros associados aos sexos masculino e feminino, bem como uma marcante preocupação com a universalização da saúde de qualidade a todos, como sendo responsabilidade dessas/es futuras/os profissionais da saúde. Corrobora-se que os currículos produzem e são produzidos a partir de uma lógica que legitima os saberes, temos assim os sujeitos profissionais médicos formados pela racionalidade neoliberal, de sujeito da saúde. É compreendido que esses sujeitos da medicina só existem a partir do outro; que o termo “identidade” não dá conta de explicar quem são elas/eles; que esses sujeitos são inventados/as, na formação de empreendedores de si, de sujeitos autônomos, responsáveis pelo seu próprio sucesso, pela sua saúde, pela sua qualidade de vida, em nome de uma liberdade maquiada e alimentada pelas instituições disciplinadoras, neste caso, os currículos. Como conclusão, os/as discentes são insistentemente convocados/as ao que o currículo prescreve para sua formação, dentro de significados específicos sobre como tornar-se um/a médico/a normalizado, normalizador.
Abstract: The present study is part of the Interinstitutional Doctoral Project (Dinter) between the Doctoral Program in Education of the Federal University of Sergipe (PPGED/UFS) and the Federal University of Campina Grande (UFCG), Teacher Training Center (CFP), campus of Cajazeiras, PB. The theme of this doctoral thesis is part of the discussions on medical training, and specifically, on the medical curriculum and the dimensions of body, gender and sexuality. From the connection between these themes, the present work aimed to analyze how the body, gender and sexuality are activated in the Political Pedagogical Project (PPC) of the medical course of the Academic Unit of Life Sciences (UACV) (Campus de Cajazeiras). To account for this research proposal, the theoretical-methodological framework of post-critical studies on curriculum was taken. It made him understand that if he wanted to know how these dimensions are activated in the curriculum producing medical subjects, he should go to the discourses that stand out in it, since they are meant as practices permeated by powerknowledge relationships that produce what they name. It is argued in this thesis that there are multiple discursive formations - from official, scientific, biological/biomedical, social, pedagogical norms and guidelines - that enter into dispute in the curricular composition for the approach of knowledge about gender and sexuality that end up silencing LGBTQIA+ bodies in medical training, silencing diversity or difference. Following this argument, it is understood in the analysis that the fabrication of doctors by the UACV/UFCG curriculum triggers articulated power strategies and techniques, still centered on the biomedical model, guaranteeing, as an institution of power, the maintenance of relations of domination and hegemony effects. The work consists of 4 chapters. Chapter 1 is a contextualization of the research topic with general and specific objectives, together with methodological inspirations. In chapter 2, the central concepts of approach and analysis are deepened in the way postcritical perspectives approach such concepts, ending the section with the chosen methodology. In chapter 3, some memories of the LGBTQIA+ movement in Brazil and the reception in public health policies are evoked and, closing the chapter, the educational policies represented by the DCNs for the undergraduate course in medicine are analyzed. Finally, in chapter 4, discursive analyzes were carried out in the PPC of the UACV/UFCG medical course and, from this analysis, it was found that the construction of the PPC took place in an arbitrary and interested way, considering the DCNs of 2001 that do not welcome the concepts of body, sexuality and health in diversity - one of the reasons why these were reformulated in 2014. What is proposed in the PPC is implemented in the curriculum, the subjects are aligned with the health teaching proposals, even if with a strong preponderance of disciplines with biological approaches, prioritizing some knowledge in relation to others. Analyzing discourses present in the curricula and disciplinary menus, it becomes evident the focus on contents of biological nature, the naturalization of discourses about anatomical and physiological bodies, and genders associated with male and female sex, as well as a marked concern with the universalization of health of quality to all, as being the responsibility of these future health professionals. It is corroborated that the curricula produce and are produced from a logic that legitimizes knowledge, thus we have the medical professional subjects formed by the neoliberal rationality, of the subject of health. It is corroborated that the curricula produce and are produced from a logic that legitimizes knowledge, thus we have the medical professional subjects formed by the neoliberal rationality, of the subject of health. 10 It is understood that these subjects of medicine only exist from the other; that the term “identity” cannot explain who they are; that these subjects are invented, in the formation of self-entrepreneurs, of autonomous subjects, responsible for their own success, for their health, for their quality of life, in the name of a freedom made up and fed by disciplinary institutions, in this case, the CVs. As a conclusion, students are insistently invited to what the curriculum prescribes for their training within specific meanings on how to become a normalized, normalizing doctor._____________________________________________________
El presente estudio forma parte del Proyecto de Doctorado Interinstitucional (Dinter) entre el Programa de Doctorado en Educación de la Universidad Federal de Sergipe (PPGED/UFS) y la Universidad Federal de Campina Grande (UFCG), Centro de Formación de Profesores (CFP), campus de Cajazeiras, PB. El tema de esta tesis doctoral forma parte de las discusiones sobre la formación médica, y específicamente, sobre el currículo médico y las dimensiones de cuerpo, género y sexualidad. A partir de la conexión entre estos temas, el presente trabajo tuvo como objetivo analizar cómo el cuerpo, el género y la sexualidad se activan en el Proyecto Político Pedagógico (PPC) de la carrera de medicina de la Unidad Académica de Ciencias de la Vida (UACV) (Campus de Cajazeiras). Para dar cuenta de esta propuesta de investigación se tomó el marco teórico-metodológico de los estudios poscríticos sobre currículo. Le hizo comprender que si quería saber cómo se activan estas dimensiones en el currículo productor de las asignaturas de medicina, debía acudir a los discursos que en él se destacan, pues se entienden como prácticas permeadas por relaciones de poder-saber que producen lo que nombre. Se argumenta en esta tesis que existen múltiples formaciones discursivas -desde normas y lineamientos oficiales, científicos, biológicos/biomédicos, sociales, pedagógicos- que entran en disputa en la composición curricular para el abordaje de saberes sobre género y sexualidad que terminan silenciando Cuerpos LGBTQIA+ en formación médica, silenciando la diversidad o la diferencia. Siguiendo este argumento, se comprende en el análisis que la fabricación de médicos por el currículo de la UACV/UFCG desencadena estrategias y técnicas de poder articuladas, aún centradas en el modelo biomédico, garantizando, como institución de poder, el mantenimiento de relaciones de dominación y efectos de hegemonía. El trabajo consta de 4 capítulos. El capítulo 1 es una contextualización del tema de investigación con objetivos generales y específicos, junto con inspiraciones metodológicas. En el capítulo 2 se profundiza en los conceptos centrales de abordaje y análisis en la forma en que las perspectivas poscríticas abordan tales conceptos, finalizando el apartado con la metodología elegida. En el capítulo 3, se evocan algunas memorias del movimiento LGBTQIA+ en Brasil y la recepción en las políticas públicas de salud y, al cerrar el capítulo, se analizan las políticas educativas representadas por las DCN para el curso de graduación en medicina. Finalmente, en el capítulo 4, se realizaron análisis discursivos en el PPC de la carrera de medicina de la UACV/UFCG y, a partir de este análisis, se constató que la construcción del PPC se dio de manera arbitraria e interesada, considerando las DCN de 2001 que no acogen los conceptos de cuerpo, sexualidad y salud en la diversidad - una de las razones por las que estos fueron reformulados en 2014. Lo propuesto en el PPC se implementa en el currículo, las asignaturas se alinean con las propuestas de enseñanza de la salud, aunque con una fuerte preponderancia de disciplinas con enfoques biológicos, priorizando unos conocimientos en relación a otros. Analizando los discursos presentes en los currículos y menús disciplinares, se hace evidente el foco en los contenidos de naturaleza biológica, la naturalización de los discursos sobre los cuerpos anatómicos y fisiológicos, y los 11 géneros asociados al sexo masculino y femenino, así como una marcada preocupación por la universalización de los salud de calidad para todos, como responsabilidad de estos futuros profesionales de la salud. Se corrobora que los currículos producen y son producidos desde una lógica que legitima saberes, así tenemos los sujetos profesionales médicos formados por la racionalidad neoliberal, del sujeto de la salud. Se entiende que estos sujetos de la medicina sólo existen del otro; que el término “identidad” no puede explicar quiénes son; que estos sujetos se inventen, en la formación de autoempresarios, de sujetos autónomos, responsables de su propio éxito, de su salud, de su calidad de vida, en nombre de una libertad compuesta y alimentada por instituciones disciplinarias, en este caso, los CV. Como conclusión, se invita insistentemente a los estudiantes a lo que el currículo prescribe para su formación en significados específicos sobre cómo llegar a ser un médico normalizado, normalizador.
Palavras-chave: Educação
Ensino superior
Universidades e faculdades
Currículos
Medicina
Identidade de gênero
Sexo (Biologia)
Sexo (Psicologia)
Currículo
Formação médica
Corpo
Saúde
Gênero
Curriculum
Medical training
Body
Health
Genre
Entrenamiento médico
Cuerpo
Salud
Género
área CNPQ: CIENCIAS HUMANAS::EDUCACAO
Idioma: por
Sigla da Instituição: Universidade Federal de Sergipe (UFS)
Programa de Pós-graduação: Pós-Graduação em Educação
Citação: BOLONHA, Fabíola Junduria. Dimensões de corpo, gênero e sexualidade na formação médica : disputas e silenciamentos na composição curricular da UACV/CFP/UFCGs. 2022. 153 f. Tese (Doutorado em Educação) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2022.
URI: http://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/17488
Aparece nas coleções:Doutorado em Educação

Arquivos associados a este item:
Arquivo Descrição TamanhoFormato 
FABIOLA_JUNDURIAN_BOLONHA.pdf1,03 MBAdobe PDFThumbnail
Visualizar/Abrir


Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.