Use este identificador para citar ou linkar para este item:
https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/10469
Tipo de Documento: | Tese |
Título: | Trabalho e ideologia : o discurso da autonomia e da liberdade no beneficiamento da castanha de caju |
Autor(es): | Costa, Katinei Santos |
Data do documento: | 28-Fev-2018 |
Orientador: | Conceição, Alexandrina Luz |
Resumo: | A presente Tese de Doutorado partiu da hipótese de que a ideologia da autonomia e do não-trabalho, no processo de beneficiamento da castanha de caju no espaço agrário sergipano, mascara a exploração do trabalho. A partir do pressuposto de que a ideologia é uma falsa ideia que se perpetua para garantir os interesses da classe dominante, o discurso do não-trabalho é usado como estratégia de exploração e subordinação do trabalhador ao capital, uma vez que é na negação do trabalho, que o trabalho se realiza. A ideologia do não-trabalho é usada como forma de dominação e exploração dos trabalhadores que são explorados da forma mais perversa no processo de beneficiamento da castanha de caju. Estes não se veem como trabalhadores, alienados pela falsa ideia da autonomia e da liberdade. É necessário que o trabalhador aceite as condições que lhe são impostas, que não perceba a sua condição de subordinação e exploração, e não se oponha ao sistema. A análise da nossa Tese está sustentada no materialismo histórico dialético como método de análise, que permite uma leitura das contradições dos sujeitos que estão inseridos na cadeia produtiva da castanha de caju, possibilitando compreender as relações sociais nas suas contradições, na relação capital-trabalho, estabelecida na totalidade das relações sociais de produção e de trabalho. O confronto da teoria com a realidade foi o alicerce na construção do conhecimento teórico epistemológico que permitiu compreender as contradições da relação homem e natureza. Nossa análise foi fundamentada no entendimento do trabalho como categoria ontológica da própria condição humana histórica. Nesse sentido, foi identificado que o valor trabalho é apropriado pelo capital nas inter-relações escalares que se configuram no beneficiamento da castanha de caju, que se torna uma atividade econômica lucrativa para o capital, e se estabelece no espaço agrário sergipano como possibilidade de renda e de trabalho, produzindo e reproduzindo, contraditoriamente, a miséria e a riqueza. A sinalização da perda da centralidade do trabalho foi analisada a partir das metamorfoses do trabalho para atender às exigências de reprodução do sistema do capital que cria e recria novas/velhas relações de exploração da força de trabalho, como o trabalho informal, as cooperativas, o trabalho coletivo familiar, a terceirização e a precarização, para manter seu ciclo reprodutivo. O trabalho alienado como condição de exploração do trabalho se sustenta nos fetiches que permeiam a relação capital-trabalho, nos significados de autonomia e liberdade que são apropriados pelo capital para ocultar as condições precárias dos trabalhadores e trabalhadoras do beneficiamento da castanha de caju. O discurso do não-trabalho aliena, degrada, precariza e escraviza o trabalhador, e, cada vez mais, desumaniza o ser social. O trabalhador vive uma ilusão constante de liberdade, que cega e aliena, como se ele pudesse escolher, como se fosse ele quem escolhesse a informalidade, quando na realidade essa foi a condição imposta. O trabalhador não é livre para escolher, isto é, ele não tem escolha, há uma falsa liberdade que lhe é imposta, pois é necessário ser livre para ser ainda mais explorado. |
Abstract: | This doctorate thesis stemmed from the hypothesis that the autonomy and non-work ideology in the processing of cashew nuts in the agricultural sphere in Sergipe masks the work exploitation. From the presupposition that the ideology is a fake idea that perpetuates itself to ensure the interests of the dominant class, the non-work discourse is used as a strategy of exploitation and subordination of the worker to the capital since it is in the negation of work that work is performed. The ideology of non-work is used as the most perverse way of dominating and exploiting the workers in the cashew nut processing. They do not see themselves as workers they are alienated by the false idea of autonomy and freedom. It is necessary that the worker accepts the imposed conditions, that they do not realize their condition of subordination and exploitation, and that they do not oppose to the system. The analyzing method of our thesis is sustained by the dialectical and historical, which enables a reading of the contradictions of the subjects who are inserted in the cashew nut productive chain, as well as the understanding of the social relations in their contradictions in the relationship capital-work which is established in the total of the social relationships of production and work. The confrontation between theory and reality was the foundation of the construction of the epistemological and theoretical knowledge that granted the understanding of the contradictions in the relationship between man and nature. Our analysis was based on the understanding of work as an ontological category of the human’s own historical condition. In this sense, it was identified that the work value is taken by the capital in the scalar interrelationships that are set in the processing of cashew nuts, which becomes a profitable economic activity for the capital, and is established in the agricultural sphere in Sergipe as a possibility of income and work, producing and reproducing contradictorily poverty and wealth. The signaling of loss of the centrality of work was analyzed from the metamorphoses of work to meet the demands of reproduction of the system of capital which creates and recreates new/old exploitative relationships of the workforce as informal job, cooperatives, collective family work, outsourcing and precariousness, in order to keep its reproductive cycle. The alienated work as a condition of work exploitation sustains itself by the fetishes that permeate the relationship capital-work, by the meanings of autonomy and freedom that are taken by the capital so as to hide the precarious conditions of workers of the processing of cashew nuts. The non-work discourse alienates, degrades, turns into precarious, enslaves the worker, and gradually more dehumanizes the social being. The worker lives a constant illusion of freedom, which blinds and alienates, as if he could choose, as if he chose the informality, when it was actually an imposed condition. The worker is not free to choose, they do not have a choice. There is a fake freedom which is imposed on them because it is necessary to be free to be more exploited. |
Palavras-chave: | Geografia humana Castanha-de-caju Sergipe Trabalhadores autônomos Capital Trabalho precarizado Ideologia Precarious work Autonomous worker Ideology Alienation |
área CNPQ: | CIENCIAS HUMANAS::GEOGRAFIA |
Agência de fomento: | Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES |
Idioma: | por |
Sigla da Instituição: | Universidade Federal de Sergipe |
Programa de Pós-graduação: | Pós-Graduação em Geografia |
Citação: | COSTA, Katinei Santos. Trabalho e ideologia : o discurso da autonomia e da liberdade no beneficiamento da castanha de caju. 2018. 198 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, SE, 2018. |
URI: | http://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/10469 |
Aparece nas coleções: | Doutorado em Geografia |
Arquivos associados a este item:
Arquivo | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
KATINEI_SANTOS_COSTA.pdf | 2,43 MB | Adobe PDF | ![]() Visualizar/Abrir |
Os itens no repositório estão protegidos por copyright, com todos os direitos reservados, salvo quando é indicado o contrário.