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https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/19635
Tipo de Documento: | Tese |
Título: | O uso do poder simbólico-religioso na câmara dos deputados: análise da luta de ideias envolvendo o uso da ideia-força político-religiosa “ideologia de gênero” nos debates em plenária e em propostas legislativas - 2003/2021 |
Autor(es): | Paiva, Ingrit Machado Jampietri de |
Data do documento: | 9-Abr-2024 |
Orientador: | Petrarca, Fernanda Rios |
Resumo: | Esta tese analisa o uso do poder simbólico-religioso na Câmara dos Deputados através do emprego da ideia-força “ideologia de gênero” em discursos em plenária e em propostas protocoladas entre os anos de 2003 a 2021. Esse conjunto é analisado tendo como pano de fundo o aumento das políticas públicas sensíveis às questões de gênero e a criação do inimigo imaginário religioso “ideologia de gênero”, e, contraposto, ao uso da ideia-força gênero e da categoria mulher em proposições e leis aprovadas. As crescentes disputas envolvendo essa antithesis religiosa ao conceito gênero têm propiciado estudos da Política Antigênero, viés que seguimos. Parte-se do princípio de que o epíteto “ideologia de gênero” é uma ideia-força usada no jogo político como mecanismo regulador da experiência de situação problemática, indutor de doxa político-religiosa e para impor di-visões (objetivas e subjetivas) religiosas ao cosmo social. Assim, os hodiernos conflitos políticos que envolvem o uso do poder simbólico-religioso são reveladores não apenas de disputas entre ordens de atividades, confrontos pelo monopólio dos saberes e tensões entre o secularismo e a religião, mas ainda de relações entre os poderes político e religioso. Essa gramática é capaz de criar novos campos de significados para as relações de poder, em especial para o lugar hegemônico a ser ocupado pelo “homem heteronormativo cristão verde-amarelo”. Os impasses atuais entre grupos pró-equidade de gênero e antigênero evidenciam que o uso do poder simbólico-religioso no jogo político pode construir uma resposta político-religiosa para limitar quem são os sujeitos de direito a serem reconhecidos pelo Estado conforme o sexo, orientação sexual, identidade de gênero e modelo familiar. Para dar conta dessa luta de ideias, a tese parte de um levantamento bibliográfico/documental, emprega o uso conjunto dos métodos qualitativo e quantitativo e está dividida em três momentos principais. No primeiro, revisitam-se teorias e análises sociais que nos ajudam a repensar as co-relações entre a política e a religião no Brasil. No segundo, analisam-se os processos sócio-históricos mais amplos que conferem coerência à gramática político-religiosa antigênero. No terceiro, investigam-se as dinâmicas estabelecidas pelo uso da ideia-força em questão na Câmara dos Deputados e os impactos da atuação político-religiosa sobre os processos legislativos de propostas sensíveis às questões de gênero. A tese demonstra que o uso do poder religioso no jogo político brasileiro reflete gramáticas sociais que concederam privilégios para determinados grupos e que construíram co-relações entre a política e o universo religioso. O uso do poder simbólico-religioso como elemento para racionalizar as situações problemáticas abona o uso de respostas religiosas para equilibrar os descompassos entre as condições de geração e de funcionamento de habitus político personalista e exclusivista e do habitus religioso salvacionista e sacralizador. Nessa direção, os atores/agentes conservadores moralistas, ao mobilizarem magispoder para racionalizar e limitar o “dever ser e dever fazer” do Estado e da política, produzem magispolítica. |
Abstract: | Cette thèse analyse l’usage du pouvoir symbolique-religieux à la Chambre des Députés à travers
l’utilisation de l’idée clé "idéologie du genre" dans les discours en plénière et dans les
propositions déposées entre 2003 et 2021. Cet ensemble est analysé dans le contexte profond
de l’augmentation des politiques publiques sensibles aux questions de genre et la création de
l’ennemi religieux imaginaire "l’idéologie du genre" et, en revanche, l’utilisation de l’idéeforce du genre et de la catégorie de femme dans les propositions et les lois approuvées. Les
controverses croissantes concernant cette antithèse religieuse au concept de genre ont conduit
à des études sur les politiques anti-genre, un parti pris que nous suivons. On suppose que
l’épithète "idéologie du genre" est une idée puissante utilisée dans le jeu politique comme
mécanisme de régulation de l’expérience d’une situation problématique, induisant une doxa
politique-religieuse et imposant des di-visions religieuses (objectives et subjectives) au cosmos
social. Ainsi, les conflits politiques actuels qui impliquent l'usage du pouvoir symboliquereligieux révèlent non seulement des conflits entre ordres d'activités, des affrontements autour
du monopole du savoir et des tensions entre laïcité et religion, mais aussi des relations entre
pouvoirs politiques et religieux. Une grammaire capable de créer de nouveaux champs de sens
pour les relations de pouvoir, notamment pour la place hégémonique qu’occupera « l’homme
hétéronormatif chrétien jaune-vert ». Les impasses actuelles entre les groupes pro-genre et antiégalité des genres montrent que l'utilisation du pouvoir symbolique-religieux dans le jeu
politique peut construire une réponse politique-religieuse pour limiter qui sont les sujets du
droit à être reconnu par l'État selon leur sexe, leur orientation sexuelle, leur identité de genre et
leur modèle familial. Pour rendre compte de cette lutte d'idées, la thèse s'appuie sur une enquête
bibliographique/documentaire, utilise l'utilisation conjointe de méthodes qualitatives et
quantitatives et se divise en trois moments principaux. Dans la première, les théories et les
analyses sociales sont revisitées et nous aident à repenser les co-relations entre politique et
religion au Brésil. Dans la seconde, les processus socio-historiques plus larges qui donnent de
la cohérence à la grammaire politique-religieuse anti-genre sont analysés. Dans la troisième, on
étudie la dynamique établie par l'utilisation de l'idée clé en question à la Chambre des Députés
et les impacts de l'action politique-religieuse sur les processus législatifs des propositions
sensibles aux questions de genre. La thèse démontre que l'utilisation du pouvoir religieux dans
le jeu politique brésilien reflète des grammaires sociales qui accordaient des privilèges à
certains groupes et qui construisaient des co-relations la politique et l'univers religieux.
L’utilisation du pouvoir symbolique-religieux comme élément de rationalisation de situations
problématiques soutient l’utilisation de réponses religieuses pour équilibrer les inadéquations
entre les conditions de génération et de fonctionnement de l’habitus politique personnaliste et
exclusiviste et de l’habitus religieux salvateur et sacralisant. Dans cette direction, les
acteurs/agents conservateurs moralistes, en mobilisant le pouvoir magispour rationaliser et
limiter le « devrait être et devoir faire » de l’État et de la politique, produisent une
magispolitique. This thesis analyzes the use of symbolic-religious power in the Chamber of Deputies through the use of the key idea “gender ideology” in plenary speeches and in proposals filed between 2003 and 2021. This set is analyzed against the background of the increase in public policies sensitive to gender issues and the creation of the imaginary religious enemy “gender ideology”, and, in contrast, the use of the idea-force of gender and the category of woman in propositions and approved laws. The growing disputes involving this religious antithesis to the concept of gender have led to studies of Anti-Gender Politics, a bias that we follow. It is assumed that the epithet “gender ideology” is a forceful-idea used in the political game as a regulatory mechanism for the experience of a problematic situation, inducing political-religious doxa and to impose religious di-visions (objective and subjective) to the social cosmos. Thus, today's political conflicts that involve the use of symbolic-religious power reveal not only disputes between orders of activities, clashes over the monopoly of knowledge and tensions between secularism and religion, but also relations between political and religious powers. Grammar capable of creating new fields of meaning for power relations, especially for the hegemonic place to be occupied by the “yellow-green Christian heteronormative man”. The current impasses between pro-gender and anti-gender equity groups show that the use of symbolicreligious power in the political game can construct a political-religious response to limit who are the subjects of the right to be recognized by the State according to their sex, sexual orientation, gender identity and family model. To account for this struggle of ideas, the thesis is based on a bibliographic/documentary survey, employs the joint use of qualitative and quantitative methods and is divided into three main moments. In the first, theories and social analyzes are revisited that help us rethink the co-relations between politics and religion in Brazil. In the second, the broader socio-historical processes that give coherence to the antigender political-religious grammar are analyzed. In the third, the dynamics established by the use of the key idea in question in the Chamber of Deputies and the impacts of political-religious action on the legislative processes of proposals sensitive to gender issues are investigated. The thesis demonstrates that the use of religious power in the Brazilian political game reflects social grammars that granted privileges to certain groups and that built co-relations between politics and the religious universe. The use of symbolic-religious power as an element to rationalize problematic situations supports the use of religious responses to balance the mismatches between the conditions of generation and functioning of the personalist and exclusivist political habitus and the salvationist and sacralizing religious habitus. In this direction, moralist conservative actors/agents, by mobilizing magispower to rationalize and limit the “ought to be and ought to do” of the State and politics, produce magispolitics. |
Palavras-chave: | Capital simbólico Ideologia de gênero Jogos de poder Prática político-religiosa Idéologie de genre Capitaux symboliques Jeux de pouvoir Pratique politique-religieuse Gender ideology Symbolic capital Power dynamics Political-religious practice |
área CNPQ: | CIENCIAS HUMANAS::SOCIOLOGIA |
Agência de fomento: | Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES |
Idioma: | por |
Sigla da Instituição: | Universidade Federal de Sergipe (UFS) |
Programa de Pós-graduação: | Pós-Graduação em Sociologia |
Citação: | PAIVA, Ingrit Machado Jampietri de. O uso do poder simbólico-religioso na câmara dos deputados: análise da luta de ideias envolvendo o uso da ideia-força político-religiosa “ideologia de gênero” nos debates em plenária e em propostas legislativas - 2003/2021. 2024. 437f. Tese (Doutorado em Sociologia) – Universidade Federal de Sergipe, São Cristóvão, 2024. |
URI: | https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/19635 |
Aparece nas coleções: | Doutorado em Sociologia |
Arquivos associados a este item:
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